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Recuperação judicial: para algumas empresas, o pior ainda está por vir

Brasil deve ter alta de recuperações judiciais nos próximos meses por conta da crise e da pandemia, alertam advogados e especialistas

A crise causada pela pandemia ainda pode ter repercussões graves nos próximos meses. Segundo especialistas ouvidos por EXAME, pode haver uma onda de pedidos de recuperação judicial e de falência nos próximos meses e até em 2021.

“As reestruturações de verdade ainda devem vir. Há muita empresa preocupada em sobreviver no momento, que pode vir a ter dificuldades”, diz André Pimentel, sócio da Performa Partners, consultoria especializada em Empresas Médias e Grandes. Segundo ele, o ano de 2021 pode receber uma onda de pedidos de recuperações. “As empresas chegaram ao começo deste ano com muito otimismo, saindo de uma longa crise de 2015 a 2018”, afirma. 

Por enquanto, as empresas ainda tentam renegociar contratos e adiar pagamentos e se beneficiaram nos últimos meses de medidas como a redução de jornada e salário para funcionários. Por isso, as dificuldades mais sérias devem ser sentidas em alguns meses até chegar ao ponto de insolvência e ser necessário uma intervenção jurídica.

“Muitos empresários ainda estão se preparando para entrar com pedidos de recuperação judicial. Temos recebido um volume excepcionalmente grande de consultas”, diz em nota Douglas Duek, presidente da Quist, especializada em reestruturação de dívidas e assessoramento de reorganização de empresas em dificuldades.

De acordo com Renata Oliveira, sócia do escritório de advocacia Machado Meyer, o poder judiciário já está se preparando para esse momento, com abertura de novas varas destinadas a recuperações judiciais tanto em São Paulo quanto em outros estados como Rio de Janeiro. “Em São Paulo também foram destinados mais juízes especializados nesse segmento”, diz ela.

O judiciário também tem investido em novos grupos e regras de mediação, afirma a advogada, para ajudar a chegar a um consenso entre as empresas e os credores e evitar um processo judiciário, que pode ser mais caro e demorado.

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